terça-feira, 24 de maio de 2016

Álbum: "Thank You" - Meghan Trainor


"Thank You" Meghan Trainor... er... or not?

"Because you know I`m all about that base, about that base... no treble"... bom, você provavelmente já cansou de ouvir esse refrão diversas vezes. Hit instantâneo do mercado musical em 2014, inclusive alcançando o topo da Billboard Hot 100, a canção colocou em evidência Meghan Trainor, uma cantora e compositora que até então tentava emplacar a música para alguma outra personalidade famosa já conhecida na indústria.

Alguns pensavam que ela poderia ser "one hit wonder" ou ainda, que uma "gordinha" (considerada fora dos padrões estéticos e de beleza atuais) não poderia ir muito longe. Ledo engano. A mocinha sobressaiu e conseguiu  manter-se  nos charts musicais e nas estações de rádio com suas músicas chicletes do seu EP intitulado "Title", lançado primeiramente com 4 músicas e depois de todo o sucesso, como álbum em 2015.

Pois bem, como está virando costume na indústria musical, um novo CD veio pouco tempo depois. Em 13 de maio de 2016, "Thank You" chegou ao mercado. Com 12 canções na versão "standard" e 15 na versão "deluxe", o material chegou a ficar em terceiro lugar dos mais vendidos nos Estados Unidos. Já as críticas foram medianas e mescladas.

Lembro-me de ter lido uma vez uma entrevista que ela concedeu a um programa de rádio dizendo que sabe de uma fórmula para fazer músicas de sucesso e que um bom hit é aquele que agrada todas as gerações, entre crianças e idosos. Bom, pode ser que ela tenha alguma razão mesmo no que diz, mas dizer que todas as músicas de seu novo CD possuem essa fórmula, há discórdia. 

Se, em seu álbum de estreia ela chegou a inovar nas batidas e misturar algumas sonoridades dos anos 50, em "Thank You", em geral, ela parece que cai na mesmisse das tantas outras que adoramos e estamos acostumados nas paradas atuais e que possui vida útil de 3 meses no máximo. Algumas, no entanto, possuem aquela batida "gostosinha" que a consagrou em seu trabalho de estreia, como em "Watch Me Do" e na aleatória "Dance Like Yo Daddy".

O álbum é repleto de canções que se repetem, com batidas eletrônicas e mainstream, como na over "Champagne Problems". O material também conta com participações bem encaixadas do rapper Yo Gotti em "Better", LunchMoney Lewis em "I Love Me", sua mãe, Kelli Trainor, em "Mom" e R. City em "Thank You".

Os diferenciais são a mistura com instrumentos e composições próprias, algo raro atualmente, mas que agrada muito bem.  Sua voz soa impecável em várias faixas, principalmente nas baladas fofas de "Hopeless Romantic", "Just a Friend To You" (duas que soam como um acústico) e uma das minhas preferidas, "Kindly Calm Me Down", que combinou maravilhosamente com piano ao fundo. 

O material completo é um ode às mulheres (como em "NO" e "Woman UP") e a ela mesma, que brinca com sua atual boa situação, como na chata "Watch Me Do", na divertida "Me Too", na pseudo-reggae-rap "Better" e na "I Love Me", que enaltece a importância de manter-se com sua autoestima elevada mesmo que ao seu redor pareça o contrário. Às vezes, no entanto, há uma sensação de egocentrismo pela repetição do tema. Pode ser por isso que essas duas últimas músicas contaram com participações especiais, para talvez, dar uma "quebrada" no clima.

Ela também presta homenagens. Em "Friends", aos amigos; em "Mom", à sua mãe, que inclusive conta com uma gravação de uma conversa telefônica dela com a própria dizendo que a ama e aos fãs, na ótima "Thank You".

Com "Thank You", Meghan Trainor prova, mais uma vez, sua ótima qualidade vocal e se aventura bem por batidas hip-hop. Porém, é um material mediano, com poucos destaques e que faz você se perguntar se ela não estava enganada (ou se gabando!) quando afirmou que "sabe a fórmula do sucesso". Hum, talvez não desta vez, Meghan!


Nenhum comentário:

Postar um comentário